sábado, 1 de fevereiro de 2014

ESPECIAL HC – A NOVA CARA DO HARDCORE NO BRASIL

Quer mais underground que um blog em um mundo dominado pelas curtidas do Facebook... estamos correndo por fora!

COLORADO HEAVY METAL!

ESPECIAL HC – A NOVA CARA DO HARDCORE NO BRASIL
Seguindo com a empreitada de retratar as novas caras da cena HC brasileira, trazemos a vocês essa entrevista com a banda Surra, falamos com o baterista Victor, que mandou o seu recado na humildade, mostrando do que é feito o underground!!! Confiram aí logo menos o que o cara tem a dizer!!!
Evandro Sugahara



Antes de tudo, muito obrigado pela disponibilidade em nos conceder esta entrevista, gostaria de começar perguntando, como surgiu a banda e em que circunstâncias foi escolhido o nome Surra? (Apesar de o som de vocês ter muito a ver com o nome da banda).
Victor: Que isso cara, obrigado você pela oportunidade dessa entrevista.
O nome da banda veio de uma expressão que a gente usava bastante para classificar um som 'foda', tipo 'essa música é uma surra!'. Foi meio que por aí, daí casou legal com a nossa intenção de dar uma 'surra sonora' nos ouvidos da galera, e ficou por isso mesmo.
Já acompanho o trabalho de vocês desde os tempos de Like a Texas Murder e curto muito o direcionamento musical e a evolução apresentadas no EP Bica na cara, conte-nos como se dá o processo de composição do Surra, que tipo de inspirações e influências vocês utilizam em suas músicas?
Victor: Nosso esquema de composição varia muito. Às vezes alguém chega com a ideia de uma letra, que acaba tomando forma de música, outras vezes alguém chega com uns riffs que depois a gente coloca umas palavras por cima. Depende muito. Ultimamente, a gente está dando mais valor para o 'conceito' das músicas. Tipo, a gente quer expressar uma ideia x com isso, então vamos seguir nessa direção.
Em questão de influências, o Surra é uma banda totalmente aberta para qualquer ideia. Como a gente não tem um 'rótulo' definido, acabam entrando fragmentos de ideias de todos os lados. Rola uma parte pesada porque a gente curte Paura pra caralho, daí rolou um blast beat na 'Vida de Babaca' porque eu ouço Morbid Angel para cacete, e por aí vai...
Devo ressaltar que a produção do EP ficou ótima, muito pesada e com sujeira na medida certa, a banda assina a produção juntamente com Ivan Pelliciotti, estar envolvido diretamente com o processo de produção torna as coisas mais fáceis?
Victor: Acho que o segredo é trampar com pessoas que você tem intimidade e não ser orgulhoso demais. Aceitar críticas, ser esculachado por algo que não funciona, etc, isso tudo faz parte do processo, então nunca se pode ficar puto da vida com essas coisas.
No 'Bica na Cara' fizemos do nosso jeito, mas talvez em algum lançamento futuro role de ter algum produtor de fora junto. Às vezes é importante escutar as opiniões de alguém que veja tudo de fora para conseguir evoluir ainda mais.
A cena da baixada santista é muito forte, muitas ótimas bandas atuam por lá, como vocês analisam o underground de sua região e do país em geral, principalmente no que tange a cena HC em geral?
Victor: Acho que a cena HC underground é absurdamente produtiva. Você vê os caras na Europa e nos EUA fazendo as coisas e pensa que aqui, mesmo com uma série de dificuldades financeiras e de infraestrutura, ainda conseguimos replicar grande parte das coisas. Todo mundo que é do rolê sabe o perrengue que é se transportar de um lugar pra outro, ter equipamentos decentes para fazer um som, etc. Mesmo com todas as dificuldades, existem milhares de bandas e uma cacetada de gente disposta a se ajudar para fazer a coisa acontecer.
Considero que todos que se dispõem a embarcar nessa doideira já estão enfiando um dedo do meio na cara da sociedade, algo como: 'olha só, vocês disseram que é difícil, impossível, mas estamos aqui fazendo um som, construindo amizades e conhecendo lugares novos, fodam-se todos vocês'.


O EP Bica na cara é distribuído por três selos diferentes, fechar boas parcerias hoje no underground é uma tarefa árdua, que dicas vocês dariam pra quem quer lançar seu trabalho de forma eficiente mesmo com poucos recursos?

Victor: A principal dica é acreditar no seu próprio trabalho e não desistir. No underground sempre vai ter alguém disposto a te ajudar se você se mostrar apaixonado pelo que faz. Sempre é difícil, até porque todos que estão nesse meio são fudidos de grana, mas isso é o que menos importa, acha-se um jeito. O importante é não ter pressa e fazer as coisas do jeito que se acha o mais correto possível.
Como é poder dividir o palco com grandes nomes como Hirax, Sepultura, Attomica, Cruel Hand...etc e poder ver o som do Surra chegando a tantos ouvidos diferentes Brasil afora?
Victor: É sempre animal poder conhecer as pessoas por trás das grandes bandas que admiramos, e é óbvio que isso ajuda bastante na divulgação do som,  mas isso nem é o mais importante pra gente. Claro que é legal tocar em eventos de grande porte, com uma aparelhagem bacana e tudo mais, mas a gente fica feliz do mesmo jeito tocando em um lugar extremamente underground para meia dúzia de malucos. A gente só tem a agradecer os organizadores de shows por chamarem a gente pra esses rolês com bandas gigantes, nós sempre apredemos muito.
A gente sempre fica surpreso com o quanto o som está espalhado por aí. Eu acho isso muito foda, saber que alguém que nem me conhece consegue se identificar com uma letra que expõe alguns fragmentos do meu pensamento. Outro dia eu recebi uma mensagem de um cara da Indonésia falando que curtiu nosso som. O cara mandou um e-mail falando que mora em uma cidade que rolava uns atentados terroristas e o caralho a quatro, e falou que curtiu demais o som. Porra, isso fez o meu dia. Poder saber que eu pude estabelecer uma conexão com uma pessoa que mora do outro lado do mundo e ainda compartilhar um pouco de nossas realidades fudidas.
Acompanho a Page da banda e vocês publicaram recentemente que estão trabalhando em músicas para um novo disco do Surra, o que vocês podem adiantar sobre um novo trabalho e o que podemos esperar dessas novas músicas? (Inclusive em apresentação com o Sepultura no dia 17 de janeiro Santos-SP foram apresentados dois novos sons.)
Victor: Estamos com algumas composições aí na manga para lançar outro EP e, talvez, mais tarde tramparemos em um full.

As coisas novas estão acho que com ideias muito mais focadas. Nós amadurecemos (ainda bem), e com isso as letras e questionamentos vão ficando melhores. Vamos tirar muito sarro de nós mesmos nesse novo trampo e, claro, expôr todo tipo de bosta que a gente dá de cara diariamente.

Em termos instrumentais, a gente curte bastante coisa diferente e isso aparece bastante no resultado final. Acho que a definição ideal do som seria tipo um Ratos de Porão misturado com Claustrofobia. É a contestação e a maloqueirice do hardcore/crossover misturados com a velocidade e a ignorância do metal.
2014, ano de copa, obras superfaturadas, alienação futebolística e tudo mais, vocês acham o que disso tudo? Teremos bem mais que “30kg de merda” no ventilador?
Victor: Esse período é o mais 'me engana que eu gosto' da história do Brasil. O cara que acreditou que a Copa iria trazer algum benefício ao povo brasileiro é um puta de um alienado do caralho ou um fanfarrão no melhor estilo Luciano Huck. Como sempre, tivemos a chance de trabalhar em um monte de questões importantes, uma série de obras que poderiam beneficiar toda a população, mas é claro que quem manda de verdade no Brasil não iria resistir a essa chance de ouro de sugar o máximo possível de dinheiro e poder.
Só você ver as sedes escolhidas para a Copa. Cuiabá cara. Porra, vai fazer um estádio de 40.000 pessoas lá para quê? É tudo politicagem. No nosso país é cada um por si e que se fodam os outros. Enquanto vai ter gente em hotel cinco estrelas, rodeado dos melhores comes e bebes, outros vão estar no busão apertado, se fodendo para chegar ao trabalho e aceitando tudo isso calado, porque o povo é impotente. Tem que aceitar toda essa merda quietinho, senão já leva-lhe uma borrachada na cara pra ficar esperto. Vai ser um ano como qualquer outro. Os ricos vão ficar mais ricos e o resto vai continuar se fodendo.
Seguindo a tradição do blog em plagiar a Roadie Crew, gostaria que listassem os melhores álbuns na ótica do Surra, um top Five da banda.
Victor: Putz cara, eu curto coisa para caralho, mas vou tentar listar os álbuns que mais são relacionados com o som que a gente faz:
Slayer - Reign in Blood
Slayer é Slayer. Clássico absoluto da música. Esse disco fez a base para tudo o que veio de desgraçado depois.
Sepultura - Arise
Esse é o Sepultura em seu ápice. É assustador escutar esse disco. Tudo nele é monstruoso, bem feito e absurdamente encaixado.
Pantera - Vulgar Display of Power
Um monte de gente torce o nariz para o Pantera, mas porra, não dá. Esse disco é exatamente o que aparece na capa: um soco na cara.
Racionais MC's - Nada Como Um Dia Após o Outro Dia
Melhor álbum de rap nacional de todos os tempos. As letras dos caras são do caralho e uma grande inspiração pra gente.
Raimundos - Raimundos
Como que uma banda podre dessas já foi a maior do Brasil? Porra, isso é sensacional. As levadas pesadas e as métricas de vocal retardadas são até hoje uma puta influência.
Novamente obrigado pela atenção e reservo este espaço para as considerações finais de vocês!
Victor: Valeu você pelo espaço! Esperem aí que teremos muitas novidades em 2014!

Por Evandro Sugahara...

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