terça-feira, 1 de julho de 2014

ENTREVISTA MAIS QUE PALAVRAS


O hardcore vive!!! Cada dia fica mais claro isso, são inúmeras bandas e selos que vem provando com muito trabalho e vontade de acontecer que HC é mais que som, é um estilo de vida, caso esse, mais que comprovado quando falamos dos caras do Mais Que Palavras, que vem suando a camisa pra disseminar sua mensagem e manter viva a chama do negócio, sem mais delongas confiram logo menos o papo que conduzimos com esses caras que vieram pra somar e que fazem um som de primeira!!!
Fala galera, antes de tudo obrigado pela participação em nosso blog, vamos começar pelo novo álbum, “está em nós, somos nós”, vi que o processo de composição foi finalizado, vocês também liberaram um single, o vídeo de “Leões”, que já demonstra que vem um ótimo material por aí, o que vocês poderiam nos dizer desses novos sons, o que a cena pode esperar nesse novo disco?

Escolhemos “Leões” como single porque foi à primeira música composta com a participação do Fill, que entrou na banda no início de 2013. Cada pessoa que passou pelo Mais Que Palavras colocou um pouco de suas influências e “Leões” mostra o impacto desta mudança na formação. É uma canção com uma pegada mais pesada, intensa e com uma mensagem muito forte. Representa muito bem como será o disco. Enfim, as pessoas podem esperar um disco sincero, maduro e com letras que clamam por mudança. Afinal, ela está em nós, somos nós.


Como surgiu o Mais Que Palavras? Gostaria que fizesse um relato da história da banda, como se conheceram, como se envolveram no meio underground até chegar ao que são hoje?
O Mais Que Palavras surgiu em 2010, em uma conversa sobre hardcore. Somos bem diferentes um do outro, mas este estilo de vida nos une. É onde fomos aceitos e de onde não vamos sair. E a gente queria mostrar isso para as pessoas: podemos ser diferentes, mas temos de nos apegar ao que temos em comum, o hardcore.

Tirando o Nicolas, que veio de Natal, a gente já se conhecia há muito tempo, pois desde o fim dos anos 90 estamos envolvidos com bandas, produção de shows e zines e toda uma vivência dentro do hardcore. E montamos a banda justamente para mostrar e demonstrar toda a positividade que este estilo de vida trouxe para a gente. São amigos, aprendizados, filosofias e vários acontecimentos que nos deram um rumo, e queremos repassar esta nossa experiência para os outros.

Pra quem não sabe vocês são do Distrito Federal, como é a cena de Brasília? O que você ressaltaria a respeito do underground da capital do Brasil?
Assim como toda a cena - e a daqui não é diferente - temos muitas coisas boas rolando, principalmente na cena hardcore, que é o que vivemos. Estamos numa fase de resgate aqui em Brasília, fazendo shows como eles eram realizados nos anos 80 e 90. São eventos que começam e terminam cedo, livres para pessoas de qualquer idade e ainda servimos um jantar vegano após as apresentações das bandas.
E nestes shows temos conseguido trazer pessoas “das antigas” que estavam afastadas e também a molecada. É uma sensação única ter no mesmo espaço as pessoas que você sempre admirou, quando era jovem, ao lado de crianças. Demonstra claramente que podemos sim ser uma família, onde cada um cuida do outro. E mais, demonstra que esta não é uma fase, é a nossa vida.
Vocês sempre passam mensagens bem positivas em suas letras, o quão importante vocês acham o teor contido nas letras de uma banda?
Cara, as letras e a atitude são o principal. Somos uma banda de hardcore e queremos realmente fazer com que as pessoas pensem, repensem e mudem suas atitudes, inclusive nós mesmos. Se não tiver conteúdo, vira somente diversão, o que nem sempre é ruim, que fique claro, mas para a gente como banda é vital tentar influenciar a mudança. Nosso nome veio daí, somos muito mais que música e discurso, colocamos em prática tudo aquilo que está em nossas letras.
Esta também é uma boa oportunidade de pedir uma coisa: leiam as letras das bandas que vocês gostam. Saibam o que elas dizem! Nada disto faz sentido se não nos atentarmos para a mensagem.

Recentemente o MxQxPx realizou alguns shows com o Worst, que divide o mesmo selo com vocês, a Against Records, no DF e em SP, conte-nos como foi essa Gig e como vocês descreveriam uma apresentação ao vivo da banda?
O mais interessante desses dois shows foi a demonstração prática do seguinte: aquilo que o hardcore une, nada separa. Apesar de não estarmos sempre juntos, pois a distância entre Brasília e São Paulo é grande, a recepção que tivemos em São Paulo foi única e esperamos que o pessoal do Worst tenha sentido o mesmo em Brasília. E que, mesmo tendo uma mensagem às vezes até oposta, todos sabemos encarar isso com maturidade e propagar o que cada um acredita como e onde for. A Against Records é uma grande família e a gente sentiu um pouco disso ao tocar nesses dois shows. Queremos muito que esses bons 
momentos se repitam.

Uma das razões além música que me fazem admirar o MxQxPx é a garra e o engajamento da banda, tocar hardcore realmente é pra quem tem peito e vejo que vocês levam a parada na raça, que mensagem vocês diriam pra quem está começando ou pensa em se envolver nesse meio que possui uma vibe monstra que é o HC?
O fundamental é acreditar que o “faça você mesmo” é possível. Pode demorar, você vai ter muito trabalho, mas qualquer pessoa pode juntar seus amigos e amigas e fazer algo por aquilo que acredita. E não estamos falando somente de montar uma banda, cada um pode fazer algo pelo hardcore da maneira que achar melhor, seja escrevendo zines, tirando fotos das bandas e ajudando a divulgar os shows.
É importante também entender como o estilo de vida começou, ler as letras e livros, ver os documentários e prestar atenção na mensagem, pois sem ela não somos nada! E siga seu coração!

Seu último lançamento foi um split CD com o VidaxLivre, também de Brasília, que por sinal tem grandes músicas e representa muito bem o que é o MxQxPx, como foi o processo de gravação desse play e o que vocês destacariam a respeito desse registro?
Para nós, o principal foi ter gravado parte em um estúdio e outra em casa. Isso nos deu uma tranquilidade enorme para enfrentar o processo, pois gravar nem sempre é fácil, dá trabalho e exige da gente um tempo que nem sempre temos no dia a dia. Trabalhar com o Gabriel Zander novamente também ajudou muito a alcançar o resultado obtido, pois ele nos entende e sabe do que gostamos, foi muito mais fácil gravar assim e é um processo que vamos repetir neste novo disco.

Além da gravação de “está em nós, somos nós”, o que mais a banda pretende realizar em 2014, quais são os projetos pra esse segundo semestre?
Temos muitos projetos para 2014. Este disco ira sair em CD e LP por gravadoras daqui e de fora do Brasil. Além da Against, também fechamos com a Inhumano Records, da Suíça, e a Vegan Records, da Argentina. Vamos lançar, ainda, dois splits, sendo um deles pelo selo “O Homem Coletivo”, numa proposta onde qualquer pessoa pode contribuir para o lançamento, ou seja, qualquer indivíduo que acredita no hardcore pode fazer junto com a gente. Além disso, vamos organizar shows em Brasília e já temos uma mini tour confirmada para o fim de agosto em São Paulo. Muita coisa boa tá vindo por aí, aguardem!

Mantendo nosso péssimo hábito de fazer listas, gostaríamos que vocês citassem os 5 
melhores discos que já ouviram em sua opinião.
Fill Braga
Ignite – Our Darkest Days
H2O – H2O
Gorilla Biscuits – Start Today
Strife - In This Defiance
Madball – Demonstrating my style

Tiago Caetano
Agnostic front - Warriors 
Comeback Kid - Die Knowing
Backtrack - Lost in Life
Lionheart – Undisputed
Sick of it all - Death to Tyrants 


Nicolas Gomes
Pennywise - Full Circle
Strung Out - An American Paradox
Reffer – Interference
Boy Sets Fire - After The Eulogy
BANE - The Note

César Pirata (minha lista foi baseada nos discos que mais escutei nos últimos meses)
Flicts – Singelos Confrontos
Chuva Negra – Meio Termo
Horace Green – Madeira
Against Me! - Transgender Dysphoria Blues
Ratos de Porão – Século Sinistro

XManekox
Champion - Promises Kept
108 - Songs Of Separation
Verse – Agression
Earth Crisis - Destroy The Machines
Path Of Resistance - Who Dares Wins


Bem, novamente o meu muito obrigado pela atenção e pela presa, e deixo este espaço pra que mandem o seu recado a quem quiser!!! Valeu galera!!!
Evandro, muito obrigado pelo espaço e por manter um blog sobre hardcore, punk e metal. Achamos importante a existência de veículos de comunicação alternativos, que acreditam e divulgam informações que não estão na grande mídia. É justamente neste tipo de espaço que gostamos de estar. Sabemos das dificuldades, mas se mantenha firme, um dia o “faça você mesmo” vai te recompensar, acredite!



POR EVANDRO SUGAHARA

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